Como fica o emocional em tempos ágeis?

Bárbara Crespo

25 de março de 2021

Blog do Grupo Bridge

Desenvolvimento humano, transformação cultural e inovação.
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Antes de mais nada, desejo que este artigo te encontre bem.

Imagino o quanto você está recebendo bombardeios de webinars, vídeos e artigos. E espero que este possa ser de utilidade prática imediata.

Relutei em escrever porque me lembro de quando era líder e recebia um bocado de artigos que, em geral, nos tratavam como se fôssemos absolutamente leigos em gestão e pior…artigos estes escritos por pessoas que nunca geriram nada.

Me convenci de que, ao escrever e compartilhar, estou fazendo um bem para mim também, pois “passo a limpo” a minha própria história no mundo corporativo e posso de alguma forma apoiar quem ainda está nessa hercúlea missão.

Para escrever este artigo recorri a minha jornada como líder, na qual tive membros da equipe bem perto de mim, outros vários muito longe, colaboradores em home office e outros à distância, tendo que lidar com situações de crise como greve, incidentes e, lamentavelmente, acidentes fatais, em fábricas e área de logística que nunca param.

É claro que errei muito ao longo dessa jornada, mas acho que também acertei um bocado. E com base neste aprendizado, compartilho com você o que eu acredito que possa fazer a diferença na motivação e engajamento de equipes, a partir das relações estabelecidas e das expectativas existentes em relação ao comportamento dos líderes.

Também pode ser que o que eu vivi não sirva de nada neste momento, pois a crise é dramática e nunca antes vivida por nós, mas tentarei contribuir!

Tenho certeza que exercer a liderança por si só já é uma tarefa bastante difícil; à distância e com o isolamento parece mais complicada ainda porque, como humanos que somos, nossa cultura se caracteriza pela interação pessoal e sentimos falta da presença física.

Além disso, estávamos acostumados com a falsa ideia de que temos mais controle quando as pessoas estão presentes. Não podemos negar que algumas pessoas têm dificuldade de entregar atividades no prazo e gerir seu tempo sem a presença da liderança, mas faz parte da nossa missão desenvolver estas pessoas também.

E são nessas “brechas” da incerteza, da insegurança, do medo, do aprender fazendo que os Líderes se colocam à prova e fazem uma diferença danada!

Em contraponto a estas “brechas”, o que os colaboradores esperam de nós? O que precisamos oferecer para que eles consigam se engajar no trabalho e passar bem por esta crise e isolamento?

Atributos essenciais
Independente do colaborador estar remoto ou presencial, alguns atributos me parecem indispensáveis em meio à pandemia:


Presença: talvez você não tenha mais o tempo que tinha anteriormente, mas é importante que esteja inteiro, de corpo e alma, em qualquer oportunidade de interação com cada colaborador. Isto significa parar, não fazer outras atividades em paralelo, ouvir atentamente, fazer perguntas para garantir perfeito entendimento sobre o que o colaborador está dizendo, mas sem interromper sua fala;
Estabelecimento de Vínculo/Confiança: implica em interpenetrar na realidade do outro e permitir que o outro conheça você e a sua realidade também; é conhecer a vulnerabilidade do outro e permitir-se vulnerável para os seus colaboradores. Muitas pessoas entendem o termo vulnerabilidade como fraqueza, mas na realidade, é deixar-se ver e perceber como ser humano. Neste sentido, a franqueza sempre é a melhor solução. Então existirão situações que você desconhece ou não tem pleno domínio e não tem nenhum problema em dizer “eu não sei, mas vamos descobrir juntos”;
Direcionamento: é a função administrativa básica e clássica de um líder. Consiste em dirigir esforços coordenados para um propósito comum. É dar direção e foco para os seus colaboradores; é dizer claramente que por este caminho “ok”, ou “não” para este outro caminho, e dizer que no caminho do “talvez” existe espaço para a autonomia e criatividade;
Demonstração de Empatia e Compaixão: isto é lindo! É conseguir ver e sentir como o colaborador vê e sente e, a partir desta relação estabelecida, conseguir manifestar e tomar decisões humanas e justas. Não significa ser paternalista ou qualquer coisa neste sentido, mas sim conseguir de fato se colocar no lugar do outro e ter ações coerentes com os seus valores;
Comportamento Estável: neste mundo e período totalmente instável, o colaborador busca no gestor a estabilidade emocional e de reações que ele próprio precisa; o colaborador terá receio de conversar abertamente com um líder que a cada momento tem reações intempestivas e imprevisíveis;
Positivismo/Esperança: o colaborador busca esta esperança em quem ele acredita ser a figura de autoridade que, neste caso, é você. Isso não significa que você deva dar garantias de que tudo dará certo (pois, a menos que você tenha certeza absoluta, isso seria mentira), mas que você ainda acredita que pode melhorar e estará lá para o que precisar;
Engajamento do próprio líder: o líder precisa ser “walking the talking; não dá para esperar engajamento e motivação dos colaboradores se você não consegue se engajar. Se o que você pratica é diferente do que diz; seus colaboradores, mesmo os que estão à distância, vão notar!

Como aplicar estes atributos:

Presença: cumprindo todas as medidas de segurança, vá até onde o colaborador está, converse sobre o trabalho dele, ouça-o, demonstre interesse pelo que ele tem a te mostrar, almoce no refeitório com os seus colaboradores, tenha rituais de visitas à linha e conversas individuais, etc. Caso o seu colaborador esteja remoto, ok em estimular a autonomia e confiar no time, mas também estabeleça rituais para estar junto com o grupo – não apenas para o “check” de metas – e marque conversas individuais também, sempre que perceber esta necessidade;

Estabelecimento de Vínculo/Confiança: nestas visitas (mesmo que virtuais) e conversas busque entender a realidade dos seus colaboradores e fale sobre a sua realidade também, dê espaço para que compartilhem sentimentos e lembre-se de expor os seus. Deixe o lado humano emergir;

Direcionamento: conte e repita sempre para os seus colaboradores como a empresa e o processo que estão envolvidos está funcionando, quais as premissas, objetivos e o que se espera do time e dos indivíduos. Faça disto o seu “mantra”. Estabeleça “passos” concretos que devem ser dados a cada semana ou período. Não faça listas longas de atividades e priorize sempre! Nada prejudica mais uma equipe, presencial ou à distância, do que mil tarefas a serem realizadas “pra ontem”. Seus colaboradores precisam perceber que você sabe como direcioná-los;

Demonstração de Empatia e Compaixão: para conseguir empatizar é necessário treinar, treinar e treinar, “suspender” as conversas interiores e o julgamento que invariavelmente dominam nossas mentes. A empatia está associada a prática da compaixão, que é essencialmente a busca de aliviar o sofrimento alheio. Se você empatizar com o seu colaborador e compreender o seu estado emocional, por exemplo de medo, busque ter ações e falas que minimizem este estado de sofrimento;

Comportamento Estável: para conseguir obter estabilidade é importante que você se conheça, distinguir e nomear os seus sentimentos, que consiga reconhecer e gerenciar preventivamente os seus “gatilhos” (situações potenciais que o fazem ter uma reação emocional mais intensa);

Positivismo/Esperança: sem ser “Polyana”, é preciso mostrar de forma sincera os aprendizados e evoluções da equipe. Além disso, os colaboradores esperam ouvir do seu gestor, de forma verdadeira, que “a crise não durará para sempre; pode ser que demore, mas aos poucos tudo vai melhorar, nós vamos trabalhar para isto e o seu trabalho é importante para você, para mim e para a empresa”;

Engajamento do próprio líder: estabeleça a “meta da meta”, pequenos passos semanais e mostre os resultados conquistados; isto traz o sentimento de que é possível e que todos chegarão lá; vincule os resultados a objetivos maiores, a causas e propósito maior e, assim, a equipe também se sentirá parte de algo maior. Dê o seu depoimento de como o atingimento destas metas tem relação com os seus valores e propósito. Seus colaboradores sentirão a sua energia e intensidade.

Para finalizar, se cuide também e deixe-se cuidar!

Busque um tempo para que você possa fazer atividades que te equilibrem e reenergizem, e também para fazer nada, para esvaziar a cabeça e relaxar o corpo!

Você precisa estar bem para fazer o bem e exercer o seu papel profissional com excelência.

Que possamos todos ficar bem e, em breve, nos reencontrar!

Abraço carinhoso!

ESCRITO POR

Bárbara Crespo

Psicóloga e Consultora especializada em desenvolvimento de líderes e times. Ama uma mesa farta para compartilhar com a família e os amigos, é apaixonada por música e filmes, tem o mar como um refúgio e procura se desenvolver de forma holística enquanto ser integral.

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