Entre o real e o necessário

Alessandra Ramos

20 de outubro de 2021

Blog do Grupo Bridge

Desenvolvimento humano, transformação cultural e inovação.
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Esta semana revi um vídeo do Porta dos Fundos que satirizava o retorno ao trabalho presencial. Realmente uma crítica bem-humorada sobre as várias adaptações sofridas em período de pandemia e as que estão surgindo nesse tão esperado pós…

Sim, enfim, o pós-pandemia chegou. Para alguns de forma mais rápida do que para outros. O que não significa que seja menos dolorosa. Ao longo desses meses em home-office, muitas empresas tiveram de redesenhar áreas e sites inteiros. Devolver prédios. Reestruturar sistemas. Atualizar processos. Aprender novas formas de trabalho e novas ferramentas de produção, inclusive intelectual.

De tantas mudanças urgentes, algumas – até vitais – ficaram de fora. Como toda grande onda de transformação, muito se atropelou, e muitos foram atropelados pelo caminho. Normal. Será?

Desde antes do Covid, vínhamos numa crescente conscientização sobre a necessidade de ambientes de trabalho saudáveis, humanizados, inclusivos e – consequentemente – mais produtivos, criativos. Ambientes capazes de gerar as respostas necessárias para os crescentes desafios que emergem em velocidade cada vez maior.

E, acreditem, essa necessidade não estagnou ou reduziu com a pandemia. Pelo contrário. Aqueles que conseguiram manter seus empregos e suas posições, se não se atentaram antes, sentiram na pele a necessidade dessa discussão. Afinal, muito se falou nos últimos meses sobre o estresse do home-office, sobre as diferentes facetas do “isolamento”. Isolamento esse que alguns já sentiam na época do presencial, mesmo que menor grau.

Mas, sobre as mudanças comentadas acima… Depois de tudo feito, alterado, adaptado. E agora? Voltamos 100% presencial? Em formato híbrido? Continuamos remoto?

Acredito que o formato em si pouco importa, desde que as lideranças se mantenham acessíveis. Que gerem espaços seguros de diálogos sobre a estratégia da empresa e os movimentos subsequentes a ela que impactem no humano.

Isso mesmo. Por mais que a escolha já esteja tomada, é de fundamental importância que a liderança possa criar espaços onde as necessidades, receios e anseios possam ser abertamente discutidos por todos que serão por ela impactados, abrindo possibilidade de intervenção, atuação e melhoria.

São em momentos como esse que a liderança tem a oportunidade de se destacar de forma positiva, inspirando e sendo modelo de atuação. Como?

Aqui vão algumas dicas especiais para a liderança:

Retorno 100% presencial

– Seja através de campanha de endomarketing ou mesmo de guias ou comunicados, as ações de retorno precisam ser divulgadas com antecedência, garantindo uma transição tranquila e a segura para todos. Saber quando, onde e como voltará reduz a ansiedade e saber dos cuidados adotados para o retorno, gera segurança e minimiza os impactos da mudança (de novo);

– Realizar ações que mostrem acolhida, que incentivem a ocupação dos espaços de forma calorosa e confortável. Seja com uma recepção diferente, um mimo, ou mesmo uma boa confraternização em torno da mesa de café;

– Mostrar abertura e disposição para diálogos francos sobre as mudanças ocorridas. Ser o suporte que gere a consistência necessária para que as pessoas compreendam o norte a seguir de forma clara, ao mesmo tempo em que – juntos – trabalham as adaptações necessárias para que a rotina seja (re)criada de forma confortável e produtiva para todos;

– A retomada ao presencial não é a retomada ao antigo. A flexibilização, tão necessária em tempos de pandemia, persiste e é fundamental que a liderança acolha as necessidades individuais, os novos hábitos cultivados (e incentivados pela empresa) e dialogue em busca de um formato positivo para todos. Além disso, é preciso lembrar que algumas pessoas viveram situações de luto, as quais levam meses para se dissipar. Por isso, tolerância, acolhimento e empatia estão e precisam continuar sendo competências em alta, exercitadas e incentivadas pela liderança.

Retorno híbrido

– Além dos cuidados acima, é fundamental que – nos momentos presenciais – se dê prioridade a tudo que necessita ser feito de forma coletiva, como processos de criação, projetos colaborativos ou mesmos espaços de diálogos para manutenção e, ou, aperfeiçoamento dos processos e trabalhos;

– É preciso ter um cuidado especial com o fluxo e compartilhamento das informações, de modo que pessoas ou grupos não sejam prejudicados em detrimento de quem estiver presencial em momentos-chave, seja de decisão ou de construção/criação;

– E falando em informações, outra realidade vivenciada em formatos híbridos são as reuniões com público misto (presencial e online juntos). Quem já participou sabe o quanto são difíceis de conduzir e ainda carecem de um método efetivo. Porém, facilitadores desse formato são: considerar tempo suficiente para englobar a participação de ambos os públicos; liberar pauta e informações com antecedência; disponibilizar espaço de fala para quem está virtual também e fazer a confirmação do entendimento. Com compreensão e empatia. Esses momentos serão muito mais ricos.

Manutenção do home-office

Apesar da pouca aderência à continuidade do formato 100% home-office, há empresas em que áreas inteiras continuarão nesse formato, logo, alguns lembretes são necessários. Os principais:

– A humanização dos espaços virtuais através da escuta empática (ou ativa, como preferir) é fundamental. E esta humanização se dá através do senso de pertencimento. É essencial considerar como cultivá-lo na hora de acolher as pessoas na cultura da empresa;

– A manutenção dos momentos coletivos, de troca de ideias e compartilhar de rotinas ou informações. Ações que gerem ou fortaleçam os vínculos, uma vez que o distanciamento físico não precisa ser sinônimo de distanciamento humano;

Respeito aos tempos de descanso, inclusive em horário de “expediente”. Pausas são necessárias e bem-vindas, principalmente entre uma reunião e outra. Reuniões seguidas não são produtivas no presencial, onde ainda há o tempo para mudança de local, troca de conversa ou mesmo o famoso pit stop. No ambiente virtual, reuniões “encavaladas” geram fadiga, falta de concentração e perda real de produtividade;

Priorização é vital. Não só para reuniões como também para ações, projetos e processos. Não é porque está no virtual que as pessoas conseguem aumentar a carga de trabalho. No início pode até “dar conta”, mas o preço pago é o aumento considerável de doenças como LERs, DORTs, burnout, pânico e outras que – ao invés de potencializar – poderão despencar seus resultados.

 – Além de tudo isso, claro, há a necessidade de inclusão dos pontos citados sobre pertencimento, flexibilidade e diálogo. Os ambientes virtuais necessitam tanto (ou mais) de espaços de conversa, inclusão e trocas quanto os ambientes presenciais.

Agora, seja no formato que for, um olhar sincero para si é fundamental. Uma conversa franca consigo, observando níveis de estresse, limites e necessidades de cuidado, faz-se necessário. Quando as coisas vão “normalizando”, quando a mente vai desligando o modo “sobrevivência” é que todo o estresse acumulado pesa. E é nessas situações que começam a pipocar (não tão) magicamente os diferentes tipos de adoecimentos físicos e psicológicos.

Se você é colaborador, essa conversa precisa acontecer primeiro consigo para depois, se necessário, buscar tratamento adequado e contatar sua liderança, onde – juntos – poderão verificar formas de adequar suas necessidades ao papel profissional. Se você possui um cargo de liderança, é sua responsabilidade presar pela qualidade de vida de seus liderados, abrindo espaços de diálogo onde seja possível observar pontos de atenção e cuidado coletivos, além de analisar e dar suporte às especificidades existentes. Falta de atenção, irritabilidade, imprudência e comportamentos explosivos ou de introspecção são sinais que precisam ser investigados e trabalhados para que, com empatia e adaptação às necessidades, cada colaborador possa ser (re)integrado às atividades de forma inclusiva e humanizada.

Ah, e não se esqueça de se considerar em cada um desses pontos, afinal a autoliderança importa, e muito, para você, para os que estão a sua volta e para a empresa.

Acredite, esses cuidados, ao invés de “atrapalhar” gerarão muito mais engajamento, garantindo a harmonia e energia necessárias para que você e sua equipe possam ir cada vez mais longe.

Esperamos que essas dicas possam tornar seu novo normal muito melhor, mas se precisar de ajuda com qualquer um destes pontos, conte conosco. Afinal, somos especialistas em gente e na construção de ambientes humanizados, criativos e inovadores!

ESCRITO POR

Alessandra Ramos

É Analista Sênior do Grupo Bridge, onde desenvolve conteúdos e ações educativas que buscam despertar o ilimitado potencial das pessoas. Se não está aprontando por aqui, certamente está cuidando da família ou bagunçando com as crianças.

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