Dias atrás perguntei a um líder a última coisa realmente diferente que havia feito na vida e ele me disse estar separando uma parte do seus rendimentos e realizando doações mensais. Claro que essa resposta me chamou atenção, pois não me parecia nada trivial. O que começou como uma dica de desenvolvimento virou um aprendizado para a vida, indo muito além do que imaginava. Ele também me disse que, embora todo mês escolhesse uma pessoa ou instituição para receber sua doação, era ele, na verdade, o maior beneficiário. Ele percebeu que esse ato abnegado desencadeou uma maré de prosperidade em sua vida.
Esse é um exemplo de alguém que percebeu como o ato de ajudar alguém sem esperar um retorno pode ser benéfico. Mas não somos assim o tempo todo. Há outras formas de reciprocidade que praticamos e que, feito de maneira descuidada e nada empática, pode, por exemplo, deixar um líder solitário e fragilizado perante seu time.
Ao nos relacionarmos com outras pessoas sempre estaremos diante de três possibilidades de interação: Sermos tomadores (esperamos receber mais do que doamos), compensadores (esperamos empatar a conta, doando e recebemos na mesma proporção) ou doadores (doamos sem a pretensão de recebermos nada em troca).
A maioria das pessoas age como doadoras em relacionamentos mais íntimos. Nos casamentos e amizades contribuímos sempre que possível, sem fazer cobrança. Mas no trabalho a coisa muda um pouco de figura. Infelizmente o medo de ser considerado fraco ou ingênuo impede que muita gente se comporte como doador no trabalho. Então muitos preferem agir como compensadores e correr menos riscos.
O que diferencia esses três estilos na prática são as atitudes. Essas podem privilegiar uma estratégia específica ou atender a um “cálculo” pessoal de custo-benefício.
A esta altura do texto, imagino que você já deve ter se perguntado qual estilo “ganha o jogo”?
Bem, vamos começar com os tomadores. É comum encontrar tomadores muito bem sucedidos, mas há um preço a pagar por este sucesso. Aqueles que criam redes de relacionamentos com a única intenção de conseguir algo com o qual será o único beneficiado, em geral, tem problemas ao recorrer à sua rede para novas solicitações, pois encontram resistências daqueles que se sentiram enganados. Sua má fama pode minar seu sucesso ao longo do tempo.
Os compensadores operam com base no princípio da equidade, ou seja, no “toma lá dá cá”. Agindo dessa forma, também se protegem em um ambiente competitivo como o do trabalho. Por fim, acabam ficando em uma posição intermediária em relação aos demais estilos.
E o sobre os doadores: quando atingem seu auge o sucesso se espalha e gera um efeito cascata. Os ganhos são consequências naturais da dedicação a atividades e relacionamentos significativos nos quais investiram ao longo da vida. Além disso, pesquisas apontam que os atos generosos, sobretudo quando notórios e consistentes, estabelecem um padrão que muda o estilo de reciprocidade de outras pessoas dentro de um grupo.
Para além de um estilo ou uma escolha pessoal, ser doador tem sido uma necessidade dos tempos atuais. As equipes precisam de doadores para compartilhar informações, voluntariar-se para a execução de tarefas que ninguém quer fazer e oferecer ajuda. Em um mundo conectado e colaborativo, os doadores tem um papel fundamental.
Ser doador não exige atos de sacrifício excepcionais. Por exemplo, requer apenas:
- Manter o foco em agir no interesse alheio ao oferecer ajuda
- Atuar como mentor
- Dividir créditos
- Apresentar seus contatos aos outros
No final do dia a escolha por ser um tomador, compensador ou doador é sua, é claro! E cada um tem seus motivos para a escolha que faz. A ideia aqui é mostrar que ajudar de forma abnegada pode ser uma estratégia de vida, da formação de uma rede de aliados e de suporte muito forte e eficiente, além de trazer ótimos resultados para você e todos aqueles que puderam se beneficiar da sua ajuda. E acredite, isso tudo faz toda a diferença para um líder.
E você, já colheu benefícios como doador? Conta aqui pra gente!!!
Uma ótima semana!