A vida emocional da liderança – aliada ou inimiga?

Fernanda Macedo

25 de fevereiro de 2021

Blog do Grupo Bridge

Desenvolvimento humano, transformação cultural e inovação.
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Todos nós, seres humanos, somos movidos por questões emocionais e o “pulo do gato”, ao invés de ser mais racional, controlado, ou algo do tipo, é – na verdade – colocar a emoção no lugar certo e no tempo presente. Por exemplo: falar em público – se, na sua infância, você vivenciou muitas questões difíceis com relação a falar publicamente, provavelmente até hoje essa situação pode te trazer desconfortou ou certo grau de dificuldade. Mas, acontece que você cresceu e já é um adulto com muitos recursos para falar em público.

A questões é que, neste exemplo, o seu emocional está direcionando suas ações e sempre será assim. A pergunta-chave não é “como evitar isso” e sim: o quanto o seu emocional está te impedindo de evoluir por estar desatualizado? Preso a experiências do passado?

Ainda me espanta que, até muito recentemente, nós, tanto estudiosos do assunto quanto leigos, sabíamos tão pouco a respeito das emoções. Afinal, é notória a sua importância em nossas vidas, haja visto que vivemos e decidimos o tempo todo com base em nossas emoções (sim, mesmo os mais “racionais”). Será que isso já não seria o bastante para querermos desvendá-las?

Enquanto a ciência avança cada vez mais por esse caminho, cabe a nós compreendermos a importância de treinarmos nossa consciência sobre nossas próprias emoções e como elas nos influenciam. Estar atentos e poder observar como reconhecer seus sinais em nós mesmos e nos outros.

Ter a consciência sobre as nossas emoções pode salvar vidas em uma emergência, por exemplo, mas também pode arruiná-las quando reagimos de forma exagerada ou inadequada. Não temos muito controle a respeito do que nos deixa emocionados, mas é possível, embora não seja tão fácil, fazer algumas mudanças naquilo que ativa nossas emoções e em nosso comportamento quando nos emocionamos, ou seja, em como reagimos diante do que sentimos.

Veja quais são os 04 pontos prioritários que te ajudarão nesse sentido:
– Estar atento às suas reações físicas e, assim, tornar-se mais consciente do momento em que está ficando emocionado;
– Ao invés de evitar a emoção ou negá-la, escolher como você se comporta quando se emociona;
– Tornar-se mais sensível em relação à maneira como os outros estão se sentindo;
– Usar cuidadosamente as informações que você adquire a respeito do sentimento dos outros.

Cabe aqui distinguir o que é emoção e o que é sentimento…

A emoção é um conjunto de respostas químicas e neurais baseadas nas memórias emocionais e surgem quando o cérebro recebe um estímulo externo. Emoções como medo, raiva, tristeza e alegria fazem parte do desenvolvimento e contribuem diretamente para a sobrevivência do ser humano. Quando bem direcionadas, servem para impulsionar e proteger a pessoa de diversas situações do dia a dia.

Já o sentimento é uma resposta à emoção, atualizada ao tempo presente e diz respeito sobre como a pessoa se sente diante daquela emoção. As emoções são reações inconscientes, enquanto os sentimentos são uma espécie de juízo sobre essas emoções.

A proposta deste conteúdo é provocar uma reflexão sobre qual é o papel da liderança frente ao conteúdo exposto, uma vez que a liderança é um modelo:
– Econômico: precisa ser produtivo, ter responsabilidade, não deixar as pessoas preguiçosas, usar/atribuir/ensinar ferramentas, gerar e estipular metas, desenvolver/cobrar processos;
– Psicológico: precisa ter estabilidade emocional, ser fonte de segurança, ter equilíbrio de suas emoções;
– Cultural: precisa imprimir a cultura do negócio em seus comportamentos sobre o que é certo e errado, sem inspiração dos valores, expressar/disseminar/desenvolver a cultura desejada.

Até pouco tempo atrás, esperava-se da liderança apenas no modelo “econômico”. Hoje, estamos no processo de integração desses 03 modelos. Mas, será que a liderança está desempenhando esses 03 modelos na prática?

Você como líder, é esse modelo?

Como estamos vivendo uma crise de valores, de referências, quando as empresas abordam e provocam a liderança sobre esse assunto, abrem um espaço cheio de significado e importância. Um espaço afetivo e continente para avançarmos juntos!

Algumas empresas com as quais atuo já trazem o tema sobre o acolhimento emocional com tranquilidade, valorizando os vínculos afetivos e a amizade entre as pessoas, criando um ambiente cada vez mais seguro para que a troca e a expressão emocional aconteça. E acredite, estão alcançando com isso excelentes resultados.

Esse conteúdo é um pequeno passo em direção a transformação que desejamos ter, não só como empresa, mas como seres humanos: que possamos estar cada mais vivendo como humanos: bondosos, justos e harmônicos!

Não, isso não é utopia. É evolução. Extremamente necessária para a manutenção da nossa saúde física e mental. Cada vez mais necessárias e valorizadas no nosso dia a dia. E para isso, precisamos integrar o racional com o emocional e querer realmente transformar os lugares em que estamos inseridos em espaços mais acolhedores, seguros e saudáveis.

Poderíamos finalizar com essa pergunta:

Afinal, para que servem as emoções?

É uma resposta simples, mas fundamental: as emoções servem para que possamos nos desenvolver como seres humanos e nos prepararmos para lidar rapidamente com eventos essenciais de nossas vidas. Agora, se você vai lidar de forma satisfatória ou sofrida, é você que poderá escolher, sempre!

Espero que a reflexão tenha te ajudado a compreender a importância de considerar suas emoções como input para as suas atitudes e decisões. Inicie se observando, principalmente, e compreendendo se a expressão de suas emoções está gerando um ambiente mais seguro ou inóspito, e como isso está afetando as pessoas a sua volta. Se as pessoas estão se sentindo mais ou menos ansiosas, mais ou menos amparadas e adequadas para trabalhar onde estão, com você.

O quanto você está disposto a reduzir o sofrimento à sua volta, cuidando das suas emoções e acolhendo as dos outros. Se fizer essa simples, mas profunda, reflexão, garanto que já terá dado um passo extremamente importante em direção ao seu autoconhecimento e, consequentemente, terá maior capacidade para cuidar dos outros.

Boa reflexão e… Bom trabalho!

ESCRITO POR

Fernanda Macedo

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