A tarefa de um gerente não é modificar os seres humanos. Bem ao
contrário (…), a missão é multiplicar a capacidade de desempenho do todo, pondo
em uso todos os pontos fortes, toda a saúde, toda a aspiração que existe nos
indivíduos.
Peter Druker – No seu livro “O Gerente Eficaz”
Tempos atrás recebi o pedido de uma líder para ajudá-la a empoderar seu
time para que pudessem substituí-la. Explico! Ela sairia de licença
maternidade em 3 semanas e havia decidido não deixar outro líder no seu lugar.
O próprio time seria o líder da área.
É claro que antes de tomar essa decisão a líder se questionou diversas
vezes se estava fazendo a coisa certa. Será que o time daria conta da operação
e da estratégia da área? Ainda era um time novo, terão maturidade para lidar com
os clientes internos adequadamente? E com a alta liderança? Como ficará a
imagem da área se alguma coisa não der certo?
Todas essas preocupações são pertinentes e merecem ser ponderadas sim,
mas entre a segurança de delegar sua área para um líder experiente ou a coragem
de empoderar o time, a líder decidiu dar um passo à frente e assumir os riscos,
acreditando que estaria escrevendo um novo capítulo na história da área,
daquelas pessoas.
Ok, alguns podem perguntar: mas ela deixou o time na fogueira? Eu diria
que sim e não. Nosso combinado foi que eu acompanhasse o time por cinco meses,
praticamente durante todo o período da sua ausência, ajudando o grupo a
fortalecer seus vínculos internos e criar um ambiente de diálogo que
favorecesse a melhor tomada de decisão possível, bem como identificar
fortalezas e oportunidades que os ajudasse a lidar com seus desafios. Nesse
sentido o grupo não ficou na mão.
Ao mesmo tempo tinham um desafio de negócio imenso. A área era nova e
ainda precisava “mostrar serviço” e conquistar a confiança dos seus clientes.
Nesse sentido sim, ficaram na mão. Mas aqui é o ponto, um olhar mais otimista
dirá que essa foi a grande oportunidade que ganharam de se desenvolver. De
mostrarem para a organização sua potência como grupo.
Mas afinal, o que ganharam com tudo isso?
Eu diria que houve ganhos diferentes para a líder e para o time.
Começando pelo time, pude perceber que:
- Tiveram acesso a novas informações, mais
complexas e estratégicas, o que aumentou seu senso de responsabilidade
- Acessando outros níveis da organização,
puderam ver as coisas por outros pontos de vista, ampliando sua
compreensão do negócio, das suas principais problemáticas e desafios
- Ampliaram e fortaleceram muito sua rede de
contatos e suporte. Para que pudessem cumprir as entregas acertadas com os
clientes tiveram que trabalhar de forma muito afinada e colaborativa. Este
item foi muito importante, pois aqui conquistaram a confiança de muitos
que ainda não estavam seguros sobre a competência da área
- Para darem conta dos itens anteriores, tivera
que, necessariamente, desenvolver novas habilidades de comunicação, de
liderança, de relacionamento e de gestão.
- Por fim, puderam olhar para suas atividades
com um outro olhar, atribuindo novos sentidos para seu trabalho e os
motivando para novos desafios.
Já a líder se beneficiou desse processo:
- Tendo uma maior prontidão do time para
resolver as dificuldades do cotidiano
- Com mais empatia e solidariedade em temas
sensíveis para um líder, tal como gestão de pessoas, investimentos e
tomada de decisão
- Recebendo um time mais integrado e com um
espaço de diálogo mais maduro, onde futuros temas poderão ser discutidos
mais abertamente
- Por fim, também pode ressignificar sua
atividade e olhar para atividades que antes não eram possíveis.
É claro que nem tudo foi fácil e muitas arestas ainda tiveram que ser
aparadas no retorno da líder ao grupo. Medos e inseguranças estiveram presente
ao longo de todo o processo, mas a possibilidade de termos um fórum para
discuti-los ajudou muito a organizar o time nos momentos mais difíceis, e o
melhor, permitiu ao time reconhecer os avanços e as vitórias obtidas.
Quero reforçar que não é preciso esperar uma situação especial, como foi
essa que relatei, para que você tome a iniciativa de empoderar seu time. Há
inúmeras oportunidades no dia a dia que poder ser adequadas para esta
finalidade. Basta estar com a mente aberta, com uma dose de paciência e o coração
cheio de coragem para se lançar em uma jornada de desenvolvimento.
E você, como tem despertado o gigante que habita seu time? Conta pra
gente!
Um abraço,
Denilson